Saiu a programação da décima edição do festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Serão onze filmes escolhidos pela curadoria do festival sob o tema “Heroínas”: há também duas sessões especiais correndo por fora. Esta revisão anual de grandes filmes do passado será projetada em cópias 35mm e DCP, de realizadores como Dario Argento, Agnès Varda, Douglas Sirk, James Cameron, Blake Edwards e Chantal Akerman.

Por sete anos consecutivos, o evento tem sido aguardado sempre com muita expectativa e sessões lotadas. Desta vez, os filmes são trazidos de arquivos estrangeiros em cópias 35mm e DCP e apresentados como contrapontos à produção contemporânea de longas e curtas-metragens, que também compõem a grade de programação do Janela.

O festival acontecerá entre os dias 3 a 12 de novembro. Haverá 11 longas-metragens na grade de clássicos e mais duas sessões especiais.

As sessões serão realizadas no Cinema São Luiz, no Centro do Recife, e no Cinema da Fundação, no Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte.

O tema 'Heroínas' é o fio condutor dos 11 longas-metragens selecionados por Emilie Lesclaux, Kleber Mendonça Filho e Luís Fernando Moura. Nesses filmes, a representação habitual do herói masculino não faz parte de nenhum dos filmes, que em troca apresenta personagens femininas, ou noções de feminilidade que comandam cada filme nos mais variados tons e estilos de representação.

“Já vínhamos pensando esse tema há dois, três anos. A cada ano, surgem naturalmente os temas dos clássicos. Em 2013, as manifestações de rua que foram o início de toda a situação política pela qual passa o Brasil, e daí fizemos ‘Manifestações’. ‘Cinema de Rua’ apareceu no ano seguinte, da própria natureza do Janela e a sua relação com o Cinema São Luiz. E ‘Desobediência’ ano passado. E agora trazemos esse lote de filmes onde a personagem feminina não é um acessório, não é ‘a que precisa ser salva’", explica o diretor e curador do Janela Internacional de Cinema do Recife, Kleber Mendonça Filho.

"Vivemos o processo inédito de derrubada de uma presidenta por meio de uma grande máquina de representação, que vai de um jornalismo tendencioso a adesivos misóginos estampados em carros. Isto não está desconectado de um pensamento de ódio mais amplo. Não acho exagerado dizer que com esta busca de grandes filmes com o signo de mulheres fortes buscamos uma união de formas entre poder e representação, descoberta de identidade e desarranjo do olhar, sem que com isso esperemos como curadores oferecer uma alternativa prática de conciliação. A diversidade destes filmes talvez possa oferecer ao público a experiência rica e forte de um nó nas narrativas. Varda e Argento, Waters e Fassbinder, Edwards e Chantal. Espero animado para sentirmos juntos essa união acontecer", diz Luís Fernando Moura.

"Sempre bom lembrar que, para além de poder revisar grandes filmes do passado, sucessos (ou não) de público e crítica, e alimentar uma ideia de nostalgia no Cinema São Luiz, cada um desses filmes é um documento de um determinado tempo e lugar. Ver como esses filmes reagem ao nosso presente, seja ele pessoal, social, político, é sempre uma das grandes descobertas desse programa do Janela", completa KMF.

O X Janela Internacional de Cinema do Recife é viabilizado pelo Funcultura/Governo do Estado, com apresentação da Petrobras e organização pela CinemaScópio Produções Cinematográficas e Artísticas. Mais informações: www.janeladecinema.com.br.
Segue a programação completa dos clássicos que serão exibidos:


HEROÍNAS - Clássicos do Janela 2017 (cópias em 35mm e DCP)

 

Aliens, o Resgate (Aliens, James Cameron, EUA, 1986, em DCP)

Nos anos 80 dominados pela masculinidade fortinha de Stallone e Schwarzenegger, James Cameron trouxe uma heroína sem igual num filme de enorme sucesso popular. Já uma herança afiada do excelente Alien (1979, exibido no Janela VII), de Ridley Scott, a personagem Ripley (Sigourney Weaver) é reconfigurada em máquina de combate, mas ainda humana, gentil. "Faça alguma coisa!!!", ela grita num momento chave de Aliens, arrancando literalmente o controle de um homem em pânico e assumindo as máquinas e o filme. Aliens, o Resgate é um exercício formidável de ação e terror, e onde Cameron e Weaver ainda acham espaço para explorar o elemento "Mãe" com curiosa energia física. Vai Ripley! Quebra tudo!

 

As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (Die bitteren Tränen der Petra von Kant, Rainer Werner Fassbinder, Alemanha, 1972, em DCP)

Fassbinder trafega entre ópera e melodrama para adaptar peça de teatro sua neste diamante de imagem e forma deslumbrantes lapidado pela maneira do amor e pela urgência da expressão. À exceção de Midas e Dionísio, não à toa expostos na parede, apenas mulheres estarão ao redor de Petra von Kant para disputar humanidade, desejo e poder.

 

Garota Negra/A Negra de... (La Noire de..., Ousmane Sembène, Senegal/França, 1966, em DCP 4K)

Uma máscara pode ser um souvenir ou uma presença lhe seguindo nas ruas. Ousmane Sembène, escritor e cineasta senegalês, filmou Diouana (Mbissine Therese Dlop) na Riviera Francesa, nos anos 60, e em Dakar. Trazida como uma boneca de trabalho para a mesma família que a empregou no Senegal, Diouana vai quebrando aos poucos, sob o peso da cultura, da história e do racismo ("Eu nunca beijei uma negra antes"). E Sembène nos oferece esse documento que registra o seu interesse pelo cinema francês, onde ele expressa a sua raiva, a sua poesia. Acima de tudo, ver essa restauração em 2017 significa pensar na representação, em quem filma, quem é filmado e como.

 

Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles (Chantal Akerman, Bélgica, 1975, em DCP)

Jeanne Dielman é viúva, mãe e, nas horas vagas, prostituta. Chantal Akerman filma assiduamente o dia a dia desta mãe, como ninguém antes ou depois, e talvez tenha inventado aqui uma forma de retrato e uma forma de política. O Janela exibiu seu último filme há dois anos, e agora resgata cópia restaurada da obra-prima da cineasta. Pequena surpresa abre a sessão.

 

O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante (The Cook, The Thief, His Wife & Her Lover, Peter Greenaway, Inglaterra, 1989, em DCP)

Épico de cores vibrantes confinado em super-restaurante que Greenaway dirige como espetáculo sobre poder, pecado e justiça. Este palco barroco-chic é entregue de presente para a personagem de Helen Mirren viver real banquete de vingança, por vezes visto como alegoria maior da heroína diante do vilão liberal-conservador da era Margaret Thatcher.

 

Pink Flamingos (John Waters, EUA, 1972, em 35mm)

Em tempos em que certas forças políticas nos coagem a permanecer asseados e inofensivos, a inescapável Divine e sua família fazem o que podem para não perder o título de gente mais imunda do mundo para o insolente casal ligado ao narcotráfico e à produção pornô. John Waters sabe filmar liberdade, e Divine merece sempre ser rainha de tudo.

 

Protéa (Victorin-Hippolyte Jasset, França, 1913, em DCP)

Protéa, de Victorin-Hippolyte Jasset, apresenta a primeira heroína do cinema mudo, 104 anos atrás. Dizia-se de Josette Andriot (1886-1942), a estrela de Protéa, que ela "não tinha a beleza de um par românico, mas montava cavalos, fazia esgrima, nadava e era acrobata". Ela lutava com animais selvagens e pulava de lugares altos três anos antes de Mata Hari, na verdade, antes mesmo de "filmes de espionagem" serem inventados. E todos esses feitos eram reservados na época aos homens, algo que permanece um século depois.

 

Suspiria (Dario Argento, Itália, 1977, em DCP 4K)

Dario Argento reescreve a noção da "donzela em apuros" num filme de horror de forte tom vermelho. Nesta fábula de cores surrealistas, Jessica Harper se imortalizou na pele da heroica Suzy Bannion, uma jovem dançarina norte-americana que vai à Europa para ter aulas numa companhia de balé povoada por bruxas e seres fantásticos.

 

Tudo que o Céu Permite (All That Heaven Allows, Douglas Sirk, EUA, 1955, em DCP)

O romance entre Cary Scott (Jane Wyman), viúva bem-sucedida, e o jardineiro Ron (Rock Hudson), bem mais jovem que ela, por algum motivo é inaceitável para seus filhos, amigos e conhecidos. Douglas Sirk faz aqui um melodrama definitivo acerca do olhar da sociedade sobre a mulher na classe média americana dos anos 1950 e também um estudo imperecível sobre amor e preconceito.



Uma Canta, a Outra Não (L'une Chante, L' Autre Pas, Agnès Varda, França, 1977, em DCP)

Pomme ajuda Suzanne a interromper uma gestação indesejada, num primeiro episódio para a encantadora trajetória de cumplicidade entre estas duas amigas, por meio da qual Agnès Varda, cineasta das mais importantes e queridas, fornece tanto o que o movimento de mulheres nos fazia aprender quanto olhar justo e cortês. Atenção para as passagens musicais.






Vítor ou Vitória? (Victor/Victoria, Blake Edwards, EUA, 1982, em DCP)

Em encontro delicioso entre Blake Edwards e Julie Andrews, a atriz é a cantora Vitória (ou Vítor?), que se transforma em homem para ganhar os palcos da Paris de 1930. Comédia romântica divertida como poucas coisas já vistas, este retrato da transição é fino exemplo de uma Hollywood pautada então pela redescoberta das identidades.


SESSÕES ESPECIAIS 

Contatos Imediatos do 3o. Grau (Close Encounters of the Third Kind, Steven Spielberg, EUA, 1977, em DCP 4K)

Vá e Veja (Idi i Smotri, Elem Klimov, Rússia, 1985, em DCP 4K).




O filme "Jogador Nº 1"ganhou seu primeiro trailer legendado. O vídeo foi exibido pela primeira vez na San Diego Comic-Con 2017 e mostra cenas eletrizantes do que promete ser um dos melhores filmes de 2018.

Confira a sinopse:

"Jogador Nº 1 é ambientado em 2045, com o mundo à beira do caos e do colapso. Contudo, as pessoas encontraram refúgio no OASIS, um amplo universo de realidade virtual criado pelo genial e excêntrico James Halliday (Mark Rylance). Quando Halliday morre, ele deixa sua fortuna para a primeira pessoa que encontrar um easter egg escondido por ele mesmo em algum lugar do OASIS, dando origem a uma competição mundial. Quando um jovem e improvável herói chamado Wade Watts (Tye Sheridan) decide participar da competição, ele é lançado a uma caça ao tesouro arriscada e capaz de distorcer a realidade através de um fantástico universo de mistérios, descobertas e perigos."

O filme tem estreia marcada para 29 de Março de 2018 no Brasil.




O novo filme do diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro, Noé), ganhou seu primeiro trailer completo. A produção é estrelada pela badalada Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida, X-Men) e Javier Bardem (Onde Os Fracos Não Tem Vez).

O trailer mostra Jennifer Lawrence passando por uma incomum perturbação quando visitantes inesperados chegam em sua casa.  Confira:



Por Rostand Tiago

Em 2001, o célebre escritor Neil Gaiman (autor da série de quadrinhos Sandman) trouxe ao mundo o inventivo e excelente romance Deuses Americanos, que não demorou muito para se tornar cultuado. Desde 2011, emissoras correram atrás para passar levar a rica narrativa de Gaiman dos livros até a televisão. Inicialmente planejada para ser produzida pela HBO, a série ganhou vida no canal Starz em 2017, nas mãos dos roteiristas Bryan Fuller (Hannibal) e Michael Green (Logan), que já demonstraram sua capacidade para desenvolver trabalhos para TV. Porém mesmo levando todo esse tempo para chegar às telas, ambos não conseguiram achar uma história para contar, levando em conta toda a riqueza do material de origem. Sim, American Gods pode até ter conseguido levar o apelo visual do romance em que foi inspirado, mas passa longe do potencial dramático original.

O enredo gira em torno do detento Shadow Moon (Ricky Whittle), que recebe a notícia da morte de sua esposa, Laura Moon (Emily Browning), em um acidente de carro poucos dias antes de ser solto. Com isso, sua liberdade é adiantada e um Shadow sem perspectivas futuras é quem deixa a penitenciária. É nesse momento de vulnerabilidade que o ex-presidiário é abordado pelo misterioso Mr.Wednsday (Ian McShane), um homem poderoso que contrata Shadow como seu guarda-costas. Juntos, eles viajam pelos Estados Unidos buscando alistar divindades antigas de diversas origens (russas, irlandesas, africanas) que se encontram no país, mas de forma enfraquecida pela perda da fé nelas com o passar dos anos. O objetivo dessa jornada é juntar forças para combater novas divindades que conquistaram a crença e o culto da população. Exemplos desses são a Mídia (a Media, vivida por Gillian Anderson) e a Tecnologia (o Techincal Boy, feito por Bruce Langley).



A busca das divindades, sejam elas velhas ou novas, da manutenção de suas existências por meio da obtenção de novos adoradores é a alegoria mais forte da narrativa. O desenvolvimento do conflito entre essas entididades carrega um potencial dramático de grande força, com vários ramos e interseções a serem explorados. E é justamente o fraco desenvolvimento desse conflito que empaca American Gods numa trama maçante. O texto de Fuller e Green se perde em que história contar, não conseguindo equilibrar a apresentação de personagens com a construção de uma ameaça que os colocará em conflito, criando um arrastamento no ritmo do enredo. Esse arrastamento fica mais significante quando somos apresentados ao arco de Laura Moon, esposa de Shadow que retorna dos mortos. São dadas horas a fio para se desenvolver os objetivos e a personalidade da moça em uma subtrama que desvia o foco da narrativa. Não que a história de Laura Moon seja dispensável, porém a decisão de dedicar episódios inteiros ou quase inteiros apenas para ela e suas motivações acaba e se tornando um anticlímax.

Entretanto, se a série peca em aspectos de enredo e ritmo, ela acerta em sua composição visual e sonora, estabelecendo uma atmosfera visceralmente fantástica. O uso amplo de cores saturadas e quentes, movimentos desacelerados e uso de trilhas sonoras que dialogam com as origens de certos personagens conferem o tom surreal do mundo explorado por Shadow e pelo público. Já o emprego de uma violência gráfica explícita tenta compensar a falta de choques dramaticamente importantes, usando até mesmo referências a outras obras, como o clássico Laranja Mecânica.

Porém, há algo que funciona tanto visualmente como dramaticamente em American Gods. Trata-se dos enxertos em flashback que narram como foi a chegada das divindades antigas na América. Filmados em dimensões de tela diferentes do padrão da série, esses momentos funcionam como curtas dentro dos episódios e talvez pudesse ser a solução para a incapacidade de equilibrar a apresentação das personagens com o desenvolvimento do conflito. Um dos pontos mais fortes do seriado é justamente o enxerto que mostra a evocação da entidade africana Ananse em um navio negreiro que rumava ao novo continente. Embalado por um jazz intenso, Ananse relata para os futuros escravos como será a vida de dores e sofrimento deles e das futuras gerações da população negra naquele novo lugar, como destaque para a desenvoltura da performance do ator Orlando Jones na pele de Ananse.

Em termos de atuação, o destaque maior fica com o veterano Ian McShane, que traz uma canastrice já recorrente no trabalho do ator para o Mr.Wednesday, ainda carregando um tom de voz sóbrio e grave. Já o Shadow de Rick Whittle é composto por uma inexpressividade e passividade que acaba funcionando, transmitindo a falta de perspectivas, mesmo diante de situações tão absurdas como as que vive trabalhando para Wednesday. Destaque também para Pablo Schreiber na pele do leprechaun irlandês Mad Sweeney, que consegue garantir bons momentos no morno arco de Laura Moon.

Com isso, a primeira temporada de American Gods acaba parecendo um gigante primeiro episódio, em que ameaças se apresentam de forma tímida enquanto se é apresentada uma mitologia fascinante, porém incapaz de não deixar a série extremamente expositiva por si só. Mesmo que apresente discussões válidas sobre crença, fé e adoração, o show não funciona inteiramente justamente por não apresentar eventos de grande peso para o andar da história. O que resta é aguardar uma segunda temporada mais movimentada, uma vez que a primeira acaba usando suas horas de história para tentar montar um tabuleiro.
Divulgação Universal
Quando anunciaram o reboot do filme A Múmia, ainda em 2013, foi uma grande surpresa para todos, até porque, a última refilmagem do clássico da Universal aconteceu há menos de dez anos atrás, em 2008, com A Múmia: Tumba do Imperador Dragão. E junto ao reboot, o anuncio de seu protagonista, Tom Cruise, outra surpresa, além da Sophia Boutella, que já havia feito sucesso em 2014 com Kingsman, interpretando a múmia do título.

Mas, desconfianças a parte, você tenta ter algum resquício de confiança na produção, esperança essa que é jogada no lixo em alguns minutos da trama. Primeiramente, o filme é vendido pela Universal como uma "aventura sombria", ou até além, um terror, ao contrário dos filmes estrelados pelo Brendan Fraser, que tinham uma carga cômica inegável, e divertida, claro. Mas não é o caso, o filme não sabe qual lado escolher, se o cômico ou o lado sombrio. E essa dúvida percorre toda a película, confundindo o espectador e atrapalhando a trama, sem saber o que pensar sobre o seu protagonista, e até mesmo sobre sua vilã, que horas parece ser aterrorizante, horas uma criatura risível.

Divulgação Universal
Bem, se ao menos o toque surpresa de comédia fosse bem executado, assim como foi feito nos filmes anteriores recentes, não seria ruim, mas está longe disso. Toda a fotografia, interpretação, ambientação, direção, maquiagem, nos remete a um filme extremamente sombrio, de horror, onde até os trailers nos vendem isso. Em nenhum momento encontra-se piadas nos vídeos divulgados, nenhum. E esse seria um bom caminho a percorrer, já que os antecessores ditavam uma maior veia cômica.

Andres Muschietti, o primeiro diretor contratado para o projeto, teve diferenças criativas com o estúdio e abandonou a proposta. Ele queria uma versão mais sombria dos personagens, nada mais justo. Com tantos elementos de terror e horror a comédia empregada no filme parece destoar de tudo, não parece necessária, e muito menos divertida, é arbitrária.

Tom Cruise é um canastrão neste filme, não tem muito o que falar, mas existe uma crítica norte-americana que diz ser o seu pior longa. Não é, nem de longe. As mulheres reinam muto bem, Sophia Boutella, apesar dos erros da trama, brilha com sua múmia. Annabelle Wallace é cativante, e consegue segurar as pontas dessa bomba junto ao Tom Cruise. A direção estreante do Alex Kurtzman é segura, uma pena que o estúdio tomou as rédias e quis algo mais "light".

Divulgação Universal
Uma das poucas coisas interessantes no filme são as referências ao Dark Universe do estúdio, onde eles pretendem trazer novamente filmes como: Frankenstein, A Noiva de Frankenstein, O Monstro da Lagoa Negra, O Fantasma da Ópera, O Corcunda de Notre-Dame e o Homem Invisível. As referências aos outros monstros e criaturas é um dos pontos positivos do longa, além do personagem do Russell Crowe, que deve ser um elo entre todos os novos filmes.

Vendido como sombrio, A Múmia é um péssimo começo para o Dark Universe, mas existem outras chances de concertar os erros em outros filmes, me agrada a intenção da universal em reviver todos os clássicos monstros do estúdio, mas que os faça como monstros, do jeito que realmente são, e não como uma comédia escrachada para toda a família.

Quinta-feira será um dia histórico para a indústria cultural mundial. Finalmente é chegada a hora que a personagem Mulher Maravilha tanto merecia, o seu primeiro filme solo. O processo foi longo, as especulações sobre um possível filme atravessaram décadas, mas ele chega nesta semana num momento no qual a agenda midiática debate questões de gênero e representatividade feminina no Cinema. É um filme que vem para somar tudo o que já foi discutido e precisa ser ainda mais falado quando vemos homens fazendo críticas às sessões exclusivas do filme para mulheres.

Esta semana, durante o Festival de Cannes, Jessica Chastain, uma das juradas, fez uma crítica contundente a representação das mulheres nos filmes exibidos na ocasião. Apesar de termos vistos mulheres ganhando prêmios de roteiro e direção, havia poucos filmes em competição realizados por elas. Mas por que eu to falando de Cannes, e não de Mulher Maravilha? Porque essas diferenças também existem na cultura pop. Não à toa que só em 2017 vemos o primeiro filme solo de uma personagem criada na década de 1940. A propósito, os primeiros encarregados para dirigi-lo nos projetos da década de 1990 e 2005 eram homens. Mas a missão de levar a super-heroína, símbolo do feminismo, às telonas ficou a cargo da maravilhosa Patty Jenkins (Monster).

Como vocês fãs e curiosos já devem ter visto na mídia, o filme da Mulher Maravilha está tendo uma recepção maravilhosa. Uma surpresa para quem acompanha o Universo DC no cinema que tem nos decepcionados há anos. Depois do desastre de roteiro que foi Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, Allan Heinberg é um alento como roteirista de Mulher Maravilha. A história não é solta dos últimos acontecimentos nos filmes da DC, ela possui uma ligação com um fato de Batman vs Superman. Parece soar estranho já que o filme retrata a origem da personagem. Mas a ligação feita entre o presente e o passado é ótima.



Para quem não acompanha a super-heroína nos quadrinhos, não fica perdido na história. É uma personagem que ganha uma nova representação no Cinema, com referências, é claro, às suas origens nos quadrinhos. É um filme que vai agradar fãs de super-heróis do Cinema e os que também acompanham HQs. O filme acompanha Diana (Gal Gadot, ótima) desde a sua infância e seu interesse em se tornar uma guerreira em meio a proibição de sua mãe, a rainha Hipólita. Antíope (Robin Wright, sempre maravilhosa) é quem ajuda a protagonista a se tornar a maior guerreira da ilha Temiscira. Eis que acontece um fato que vai mudar a vida do lugar para sempre. Um homem, Steven Trevor (Chris Pine), acaba caindo com sua aeronave no local e é salvo por Diana. Ao saber o que acontece externamente, a personagem decide ir com ele para salvar o mundo das guerras.

A partir deste fato, o filme ganha um desenvolvimento extraordinário com pitadas de humor, que não estamos acostumados a ver nos filmes da DC, além de grandiosas cenas de luta, que tem uma estética referenciada a Zack Snyder em alguns momentos, com câmera lenta, por exemplo. O diretor de Batman vs Superman foi um dos criadores da história da Mulher Maravilha no cinema. Mas calma. O filme não é ruim! Muito pelo contrário.

O filme da Mulher Maravilha resgata uma essência do ser super-herói que não víamos há muito tempo na DC Comics, e também na Marvel. É algo que existe no Superman de 1978, como referenciado pela diretora Patty Jenkins. E também é um sentimento que encontrei nos dois primeiros filmes do Homem-Aranha, de Sam Raimi. Aquele sentimento de salvação e bondade que foi substituído por um tom sombrio nos filmes de Snyder.



Gal Gadot entrega uma Mulher Maravilha excepcional. Tão forte que não imagino outra atriz em seu lugar. O romance entre ela e Steven Trevor não é o protagonista do filme. Ainda bem! Longe disso. Entre eles, nasce uma parceria de luta e amizade durante todo o filme, enquanto ao romance são reservados pouquíssimos minutos. E ao contrário do que costumamos ver nos Cinemas, a personagem feminina não precisa ser salva pelo bom moço.

William Moulton Marston foi o criador da Mulher Maravilha e acreditava que as HQs podiam ser potenciais produtos educativos para crianças. Acredito que ele ficaria orgulhoso do primeiro filme solo da personagem. Ele funciona muito bem como uma pedagogia cultural sobre igualdade de gênero para mulheres e homens.

Quadrinhos

Se você não conhece a Mulher Maravilha nos quadrinhos, você pode iniciar com a coleção Lendas da DC, lançada pela Panini. É a história da personagem resgatada por George Perez na década de 1980 que foi relançada em três volumes. Outra opção são as duas HQs da coleção Os Novos 52, com os títulos de Sangue e Direito de Nascença. Para quem quer algo mais atual ainda, tem os novos lançamentos da linha Renascimento da DC Comics.



O trailer da sétima temporada da aclamada série da HBO Game of Thrones já está disponível. No vídeo, o destaque fica para Cersei Lannister, atual rainha dos 7 reinos, que promete derrotar todos os seus inimigos, Daenerys Targaryen reivindicando o que é seu por direito, e Jon Snow, agora Rei do Norte.

Assista ao trailer abaixo:


A penúltima temporada de Game of Thrones, composta por 7  episódios, estreia no dia 16 de Julho pela HBO.

Divulgação Netflix
A Netflix estreou no dia 08 maio, depois de um longo hiato(foram quase dois longos anos), a segunda temporada da série queridinha da empresa, Sense8. Mesmo contendo um pouco dos ânimos dos fãs lançando um episódio especial de natal, que logo depois foi caracterizado como o primeiro da nova temporada, a ansiedade para o show tinha finalmente chegado ao fim.

Quando soube que se tratava de uma série, na época, das irmãs Wachowski, Lana e Lilly, imediatamente me interessei pelo show, afinal, são as criadoras do revolucionário Matrix(1999). Impossível não criar uma certa expectativa sobre a estreia, e ela foi no minimo, avassaladora. Logo a série obteve seguidores e fãs do mundo inteiro, inclusive, claro, do brasil, que parece ser um dos mais apaixonados. A própria netflix não divulga números, mas sua segunda temporada exigiu um orçamento de U$ 9 milhões de dólares para cada episódio, por tanto, seus números devem ter surpreendido os executivos em sua temporada de estreia,

Sense8, em sua temporada de estreia, não consegue ser tão cativante de inicio, engrenando e tomando forma a partir do final do seu terceiro episódio, logo depois disso, não existe ninguém que não consiga um apego com os personagens principais. Capheus, Will, Sun, Nomi, Kala, Riley, Lito e Wolfgang. Entre eles existem, os odiados, amados, as histórias fracas e os personagens que nem deveriam existir, mas tudo se encaixa, e o final da temporada entrega ação, um papel fundamental para cada personagem e um enigma para o segundo ano. Mesmo com alguns erros, a temporada consegue se firmar e manter um ritmo maravilhoso.

Divulgação Netflix
Sabemos o quão difícil é manter um show televisivo atraente para sua audiência, firmando de vez seus seguidores antigos, e criando novos fãs para a trama, perpetuando, assim, boas temporadas anos a fio. Poucas são as séries que conseguem essa proeza, e nem sempre com perfeição.

E para Sense8, isso passa longe! A segunda temporada tem um desenvolvimento pífio diante de sua antecessora, as cenas que encantaram o público ainda existem, estão lá, mas não são suficientes para garantir uma boa trama. Lindas imagens aéreas, alguns cenas sexuais(os fãs amam), mas nenhuma trama realmente bem desenvolvida durante mais de onze horas de série. Existem personagens que conseguem um desenvolvimento interessante, pouco, mas conseguem. O que não adianta muita coisa, já que o final parece esquecer qualquer desenvolvimento individual dos personagens.

Divulgação Netflix
Mesmo que existissem histórias altamente desenvolvidas nesta segunda fase, parece que a solução para a diretora, sim, uma única, já que Lilly Wachowski preferiu se afastar da produção para concluir sua transição. Com isso, pôs todo o peso da produção nas costas de uma única pessoa, Lana, que passou a ter o controle de praticamente tudo na produção, do roteiro a direção do novo ano da série.

Mas ainda assim, não justifica o final apressado, mal resolvido, e um desfecho cômico(não no bom sentido da palavra). O desfecho dessa temporada não chega a ser desastroso, mas decepcionante, por expôr situações que há muito estavam no imaginário dos fãs, mas foi feito com desdém, sem atenção e com uma pressa sem sentido. Nem ao menos uma maior exploração sobre outros sense8 pelo mundo torna a história convincente, ou ao menos interessante. Existe até a ideia por parte de um grupo sobre a dominação dos "sapiens", como eles falam, e acaba soando como uma versão mal escrita e descartada de algum filme dos X-Men.

Divulgação Netflix
Sem evolução, sem atenção e sem sair do lugar, Sense8 encerra sua segunda temporada em um ritmo desnecessário e pouco didático, sem o mesmo brilho que teve sua temporada original, faltando coerência, sentido e respeito para com a própria trajetória. Agora resta esperar pela sua continuação, que chega a netflix em 2019, para, talvez, seu último ano.



Texto por Maria Eduarda Barbosa

Queria ter forças pra fazer vários textos sobre a maravilhosa CCXP Tour. Mas a maratona está tão grande, que tudo o que eu faço quando chego em casa é dormir, já que tô acordando às 5h.

A sexta-feira e o sábado foram épicos. Dias bem movimentados, principalmente este último. Foi notável o aumento das filas nos estandes e para os painéis.

No segundo dia da Comic Con, o auditório Twitch abriu com o painel da Disney mostrando a Star Wars Celebratrion, ao vivo, direto de Orlando. Este painel só foi exibido em dois lugares do mundo ao mesmo tempo: aqui no Recife e na China.
Como nova fã de Star Wars foi uma emoção sem descrição poder compartilhar esse momento com tantos outros fãs. Os gritos e aplausos e o calor da plateia eram contagiante. Sem falar em poder ver os atores de Os Últimos Jedi falando sobre o filme que será lançado em dezembro. De quebra, ao final, podemos conferir o trailer em primeira mão, que pouco tempo depois foi divulgado no YouTube pela Disney. Mas nem se compara a emoção de poder assisti-lo junto com os fãs e numa tela de cinema. 

Depois foi a vez de um painel pra discutir as adaptações da DC comics para as telas, com a participação de alguns quadrinistas como Ivan Reis, responsável pelo novo visual de Aquaman nos quadrinhos e que também ajudou a definir o visual do super-herói no Cinema. Apesar de desenhar a capa de um e dos maiores sucessos da Vertigo, Preacher, Glenn Fabry também participou do painel e esteve no Artists' Alley.

Os fãs de Supernatural dominaram o auditório para o terceiro painel com Richard Speight Jr,, ator que interpretou o arcanjo Gabriel na série. Eu não tinha interesse em ver esse painel porque conheço pouco do produto, mas foi bastante engraçado. O ator tem um carisma imenso. Ele também contou que dirigiu alguns episódios da série.

O auditório ficou lotado para o quarto painel, que foi sobre as adaptações da Marvel Comics para as telas. A ocasião contou com a participação do paraibano Mike Deodato, que será responsável por desenhar novos quadrinhos de Velho Logan. Outro nome de peso foi Bill Sienkiewicz, responsável por desenhar Elektra, Constantine e Novos Mutantes (que a gente pode ver na excelente série Legion, da FX).

Depois o auditório contou com uma programação especial dedicada a games e, por último, teve o painel com Carlos Villagrán, o Quico de Chaves.



Terceiro Dia e o domínio da Netflix

O sábado começou cedo para a primeira pessoa que chegou na fila dos painéis, às 4h. Por volta das 6h20, a fila no Centro de Convenções só fazia crescer. O motivo? Netflix. Ela provou mais uma vez porque é dona de tanto sucesso.



Antes do painel da Netflix, teve um super legal com Luciano Cunha, criador da HQ o Doutrinador, que ganhará adaptação cinematográfica e séries em live-action e em animação feitas pelo canal pago Space. O autor foi bastante aplaudido por todos e é responsável pela criação de um super-herói que assassina políticos corruptos. O mesmo painel também foi dedicado a Cine Hollywood 2 e teve até música ao vivo com o mito Falcão.

Pouco tempo depois, todo mundo não poupou voz para o aguardado painel da Netflix. Primeiro entraram os atores Vaneza Oliveira e Rodolfo Valente da série brasileira 3%. Eles ficaram surpresos com a recepção do público que ovacionou bastante Vaneza. Ah, e teve Fora Temer também!

Logo depois foi a vez de um dos paineis mais emocionantes, com Miguel Ángel Silvestre, o Lito de Sense8. Antes de ele entrar, assistimos aos três primeiros minutos da segunda temporada e deixou muita gente surpresa. Ao chegar, Miguel foi inusitado e ficou em pé e disse uma das histórias mais bonitas que já vi, sobre a influência que ele teve da tia, que era lésbica, para interpretar o personagem. Ele falou maravilhas dela e de como ela era verdadeira em plena ditadura espanhola. Em seguida, vimos uma cena exclusiva da segunda temporada que foi gravada aqui no Brasil, na parada LGBT de São Paulo. É uma cena linda sobre aceitação e com direito a beijo de Lito e Hernando na tela gigante.



A terceira série da Netflix foi 13 Reasons Why, que contou com a presença de Alisha Boe, Christian Navarro e Brandon Flynn. Os atores, todos muito carismáticos, foram ovacionados pelo público e retribuíram dizendo frases como "I love you" e You're beautiful". Os atores revelaram que as gravações da série duraram seis meses e sobre como todos se tornaram melhores amigos no set. Alisha Boe também falou como foi trabalhar com Selena Gomez no set, produtora executiva da série, contando que a atriz e cantora trabalhava mesmo na produção e só esteve presente uma vez durante as gravações.  A expectativa deles para uma segunda temporada é alta. Alisha Boe falou que espera ver a recuperação de sua personagem se houver uma nova temporada, enquanto Christian Navarro brincou dizendo que queria um crossover com a série Stranger Things. Brandon Flynn quer ver o seu personagem crescer como pessoa e se livrar de todas as influências negativas da sua vida.



Por último tivemos a presença de Finn Jones e Tom Pelphrey, da série Punho de Ferro. Os atores falaram bastante sobre a relação entre os personagens. O público ia ao delírio a cada vez que os artistas citavam a série Game of Thrones, produção da HBO que o ator Finn Jones participou por 6 temporadas.

Foto: Josimar Correia


Depois do êxtase do painel da Netflix, a Warner também veio a altura. Trouxe algumas novidades que serão lançadas ainda este ano como Rei Arthur: A Lenda da Espada e o novo filme de Cristopher Nolan. Abrindo o painel, Danilo Gentili veio falar de seu novo filme, Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola. Mas o ápice da Warner, foi trazer 5 minutos de cenas exclusivas de Mulher-Maravilha. Foi incrível e, pelo que vi, vai ser um grande filme <3 E não acabou aí. Quem participou do painel e pegou o saquinho para guardar o celular pode trocá-lo por um pôster enorme da Mulher-Maravilha. Obrigada, Warner!

Em seguida foi a vez do terror brasileiro dominar o auditório com O Rastro, que estreia 18 de maio. O painel contou com alguns membros da equipe do filme e os atores Rafael Cardoso e Alice Wegmann. A ocasião foi uma aula de cinema, falando sobre as etapas de se fazer um longa e, ainda, abordando outras obras de terror como O Iluminado e The Babadook.

Para encerrar as atividades do auditório Twitch, teve o horário dedicado aos games.

Texto com colaboração de Josimar Correia.
Fotos: Josimar Correia.

CCXP TOUR: SEGUNDO E TERCEIRO DIA

16/04/2017
Comentários 0