A quarta temporada de Orange is The New Black



O TEXTO CONTÉM SPOILERS

Eu não sei bem como começar a falar sobre a quarta temporada de Orange is the new black. Foram tantos choques que ainda tento me recuperar deles. Primeiramente, a série da Netflix teve uma evolução no drama psicológico. O tom cômico do produto fica apenas nas sacadas geniais do roteiro sobre lugar de fala e questões sociais envolvendo racismo.

A temporada começa com as mulheres tendo seu pequeno momento de liberdade no lago, iniciado nos minutos finais do terceiro ano da série. Enquanto isso, na trama paralela, passamos um ano ansiosos para descobrir qual seria o desfecho de Alex. E por ironia do destino, ela é salva por Lolly, personagem que teve uma postura dúbia na terceira temporada, mas que ganha enorme destaque neste ano.

Ainda sobre Lolly, a carga dramática psicológica dessa temporada deve-se muito a essa personagem. Descobrimos que ela é psicótica (ah, não vamos associar a palavra psicótica com uma personagem má. Vamos dar um basta nessa construção?). Os episódios mais envolventes da temporada foram com Lolly e o desenvolvimento de sua doença, que começou quando ela ainda trabalhava como jornalista.

Ela é diagnosticada com delírio. Acredito que poderia haver uma melhor explicação da doença até pelo seu nome, porque delírio é muito vago e chega a ser banal, quando na verdade, há um nome específico para a doença e é necessário um tratamento. Lolly ouve vozes e acredita que está sendo perseguida pela NSA. Esse plot da personagem é importante para desmistificar e parar de banalizar doenças psicológicas. Hoje em dia, nas redes sociais, o que mais vemos é referências a “paranoias da cabeça”, mas temos que ter cuidado com isso, porque pode ser algo bastante sério.

E o que acontece com Lolly é justamente aquilo que não era para acontecer. A higienização social faz com que ela pare na prisão e depois na ala psiquiátrica, onde ficará só e em péssimas condições. Ela precisa de tratamento humanizado, e não de abandono.

Mas voltando... Além do gancho de Lolly, quem também ganha destaque nessa temporada são as latinas (percebam que ainda não falei de Piper, porque o plot dela fica um saco na primeira parte da quarta temporada). Maria e Flores estão cada vez mais fortes e unidas a suas companheiras dominicanas. Este novo ano foca ainda mais na xenofobia e racismo entre as mulheres que estão na prisão, principalmente com a chegada de novas personagens.

Litchfield, inclusive, fica superlotada e outro acerto de Orange é abordar essa questão da superlotação relacionada com a estratégia econômica envolvida nisso. Priorizam quantidade em detrimento da qualidade, porque isso é mais favorável para os bolsos da empresa responsável pela prisão. Além disso, o abuso de poder dos guardas, algo que já existia nos anos anteriores, só aumenta nesta temporada e vai culminar no momento mais triste e chocante da série até o momento: a morte de Poussey.

O desfecho de Poussey foi inacreditável e doloroso para todos nós. Ela foi assassinada por um guarda, o que vai culminar numa revolta dentro da prisão devido à culpabilização da vítima e a defesa do responsável. A bolha de Litchfield estoura e o final faz jus ao caminho percorrido pela temporada, com Daya no comando em um giro espetacular da câmera em 360 graus.

Sobre os desfechos bons: Nicky de volta à Litchfield e Piper e Alex juntas novamente. Ainda bem que mudaram o plot de Piper, porque ninguém aguentava mais os rumos que estavam dando à personagem. Sophia sai da solitária, mas foi preciso muita luta para isso. Ela apareceu em poucos episódios e fez uma falta danada.

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