Mulher Maravilha: a salvação da DC no Cinema é feminina


Quinta-feira será um dia histórico para a indústria cultural mundial. Finalmente é chegada a hora que a personagem Mulher Maravilha tanto merecia, o seu primeiro filme solo. O processo foi longo, as especulações sobre um possível filme atravessaram décadas, mas ele chega nesta semana num momento no qual a agenda midiática debate questões de gênero e representatividade feminina no Cinema. É um filme que vem para somar tudo o que já foi discutido e precisa ser ainda mais falado quando vemos homens fazendo críticas às sessões exclusivas do filme para mulheres.

Esta semana, durante o Festival de Cannes, Jessica Chastain, uma das juradas, fez uma crítica contundente a representação das mulheres nos filmes exibidos na ocasião. Apesar de termos vistos mulheres ganhando prêmios de roteiro e direção, havia poucos filmes em competição realizados por elas. Mas por que eu to falando de Cannes, e não de Mulher Maravilha? Porque essas diferenças também existem na cultura pop. Não à toa que só em 2017 vemos o primeiro filme solo de uma personagem criada na década de 1940. A propósito, os primeiros encarregados para dirigi-lo nos projetos da década de 1990 e 2005 eram homens. Mas a missão de levar a super-heroína, símbolo do feminismo, às telonas ficou a cargo da maravilhosa Patty Jenkins (Monster).

Como vocês fãs e curiosos já devem ter visto na mídia, o filme da Mulher Maravilha está tendo uma recepção maravilhosa. Uma surpresa para quem acompanha o Universo DC no cinema que tem nos decepcionados há anos. Depois do desastre de roteiro que foi Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, Allan Heinberg é um alento como roteirista de Mulher Maravilha. A história não é solta dos últimos acontecimentos nos filmes da DC, ela possui uma ligação com um fato de Batman vs Superman. Parece soar estranho já que o filme retrata a origem da personagem. Mas a ligação feita entre o presente e o passado é ótima.



Para quem não acompanha a super-heroína nos quadrinhos, não fica perdido na história. É uma personagem que ganha uma nova representação no Cinema, com referências, é claro, às suas origens nos quadrinhos. É um filme que vai agradar fãs de super-heróis do Cinema e os que também acompanham HQs. O filme acompanha Diana (Gal Gadot, ótima) desde a sua infância e seu interesse em se tornar uma guerreira em meio a proibição de sua mãe, a rainha Hipólita. Antíope (Robin Wright, sempre maravilhosa) é quem ajuda a protagonista a se tornar a maior guerreira da ilha Temiscira. Eis que acontece um fato que vai mudar a vida do lugar para sempre. Um homem, Steven Trevor (Chris Pine), acaba caindo com sua aeronave no local e é salvo por Diana. Ao saber o que acontece externamente, a personagem decide ir com ele para salvar o mundo das guerras.

A partir deste fato, o filme ganha um desenvolvimento extraordinário com pitadas de humor, que não estamos acostumados a ver nos filmes da DC, além de grandiosas cenas de luta, que tem uma estética referenciada a Zack Snyder em alguns momentos, com câmera lenta, por exemplo. O diretor de Batman vs Superman foi um dos criadores da história da Mulher Maravilha no cinema. Mas calma. O filme não é ruim! Muito pelo contrário.

O filme da Mulher Maravilha resgata uma essência do ser super-herói que não víamos há muito tempo na DC Comics, e também na Marvel. É algo que existe no Superman de 1978, como referenciado pela diretora Patty Jenkins. E também é um sentimento que encontrei nos dois primeiros filmes do Homem-Aranha, de Sam Raimi. Aquele sentimento de salvação e bondade que foi substituído por um tom sombrio nos filmes de Snyder.



Gal Gadot entrega uma Mulher Maravilha excepcional. Tão forte que não imagino outra atriz em seu lugar. O romance entre ela e Steven Trevor não é o protagonista do filme. Ainda bem! Longe disso. Entre eles, nasce uma parceria de luta e amizade durante todo o filme, enquanto ao romance são reservados pouquíssimos minutos. E ao contrário do que costumamos ver nos Cinemas, a personagem feminina não precisa ser salva pelo bom moço.

William Moulton Marston foi o criador da Mulher Maravilha e acreditava que as HQs podiam ser potenciais produtos educativos para crianças. Acredito que ele ficaria orgulhoso do primeiro filme solo da personagem. Ele funciona muito bem como uma pedagogia cultural sobre igualdade de gênero para mulheres e homens.

Quadrinhos

Se você não conhece a Mulher Maravilha nos quadrinhos, você pode iniciar com a coleção Lendas da DC, lançada pela Panini. É a história da personagem resgatada por George Perez na década de 1980 que foi relançada em três volumes. Outra opção são as duas HQs da coleção Os Novos 52, com os títulos de Sangue e Direito de Nascença. Para quem quer algo mais atual ainda, tem os novos lançamentos da linha Renascimento da DC Comics.

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