O relicário de Cássia

Reprodução/Facebook

Quem vai ao cinema procurando mais uma romantização da vida de um artista, vai se arrepender, pois não é essa a proposta de Paulo Henrique Fontenelle. No documentário Cássia, o diretor, conhecido pelos seus trabalhos em Dossiê Jango e Mauro Shampoo, retrata a vida da cantora Cássia Eller mostrando seus acertos, suas falhas e tudo que a fez ser o mito que é.

Através de entrevistas com parentes e amigos, o documentário desenrola a carreira de Cássia Eller e, ao mesmo tempo, a sua vida pessoal - mostrando que cada momento íntimo seu, refletia na sua música. A arte era a catarse de Cássia e, apesar de ser uma mulher tímida, no palco ela era visceral e expunha todos os seus sentimentos na forma como interpretava cada verso. Cássia compunha, mesmo quando a letra não era dela. 

O documentário é feliz em abordar assuntos que poderiam ser polemizados nas mãos de outro diretor, mas que aparecem com naturalidade através da direção de Paulo Henrique. A homossexualidade, o relacionamento poliamor e o uso de drogas não são estrinchados na tela, apenas apresentados de forma real. 

Ao entrevistar Maria Eugênia, companheira de Cássia, é possível adentrar no universo interior da cantora e perceber, por exemplo, as mudanças muitas vezes sutis que aconteceram ao longo da sua vida até as mais drásticas, como a gravidez, que deu uma nova perspectiva à Cássia e fez com que ela mudasse sua forma de viver e de ser artista.

A narrativa da figura perturbadora que foi Cássia Eller, faz com que o espectador se emocione não por ângulos forçados da câmera, mas sim, por ao longo do documentário, você se dar conta do quão especial e importante ainda é Cássia Eller, e as lágrimas ao final da sessão vêm com a mesma espontaneidade que transbordava da cantora.  

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