Não sei o que mais me intriga em Birdman ou (A Inesperada
Virtude da Ignorância). O seu início ou o seu fim? Eis que Alejandro González
Iñárritu já começa a provocação no título e fez todo mundo se perguntar por que
sua obra causou tanto entre os críticos antes mesmo do seu lançamento comercial. A resposta Iñárritu
entrega, juntamente com Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris e Armando Bo, em
um roteiro tão brilhante, que ainda é conduzido magistralmente pela ótima direção, o elenco pontual, a fotografia de Emmanuel Lubezki e a trilha sonora surpreendendo nos momentos certos, fechando a união desse excelente resultado e o melhor de sua filmografia até então.
Estimado em US$ 22 milhões, Iñárritu impressiona pela forte e bem contextualizada sátira
à indústria do entretenimento e ao show business: sua cultura de celebridades e blockbusters, a visão dos críticos, os bastidores do mundo teatral e ainda
vai além. A cutucada de maior impacto é na vaidade, na necessidade de aplausos
e de se sentir especial, não só de pessoas que costumam estar no foco da mídia,
mas sim de toda a sociedade. Sim, ninguém é mocinho na história, muito menos na
vida real. Tudo é centrado em Riggan Thomson (Michael Keaton), um ator que fez muito sucesso interpretando o super-herói Birdman, ícone da cultura pop e marco de sua carreira.
No entanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme da franquia há 22 anos atrás (coincidência ou não, o mesmo tempo em que Michael Keaton deixou de ser o Batman no Cinema), sua carreira começou a decair (outra "coincidência"). Em busca de provar o seu talento como ator e de ser reconhecido como acha que merece, Riggan decide dirigir, roteirizar e estrelar o conto "What We Talk About When We Talk About Love", de Raymond Carver, em uma adaptação na Broadway. Em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com sua filha, recém-saída da reabilitação, Sam (Emma Stone), que agora é sua assistente pessoal, seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e principalmente, com seu alter-ego que ainda o atormenta, sua consciência, o Birdman.
No entanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme da franquia há 22 anos atrás (coincidência ou não, o mesmo tempo em que Michael Keaton deixou de ser o Batman no Cinema), sua carreira começou a decair (outra "coincidência"). Em busca de provar o seu talento como ator e de ser reconhecido como acha que merece, Riggan decide dirigir, roteirizar e estrelar o conto "What We Talk About When We Talk About Love", de Raymond Carver, em uma adaptação na Broadway. Em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com sua filha, recém-saída da reabilitação, Sam (Emma Stone), que agora é sua assistente pessoal, seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e principalmente, com seu alter-ego que ainda o atormenta, sua consciência, o Birdman.
A ironia se encontra até na escolha do elenco, afinal de contas, Keaton andava em ostracismo, Edward Norton é talentoso e de temperamento difícil assim como Mike Shiner e também fez um super-herói no cinema, o Hulk. Emma Stone faz parte da franquia "O Espetacular Homem-Aranha", Naomi Watts e Zach Galifianakis são atores que sempre estão em blockbusters ("King Kong", trilogia "Se Beber, Não Case"), então todo mundo aqui sabe bem do que tá falando. Tudo soa natural graças ao empenho deles, que interpretaram 15 páginas de diálogos sem parar, tanto que entre os vários prêmios que Birdman já abocanhou em festivais e premiações, o mais recente foi de Melhor Elenco no SAG (Screen Actors Guild) Awards nesse último domingo (25), o principal prêmio concedido pelo Sindicato de Atores dos Estados Unidos.
Com 9 indicações ao Oscar, empatando com "O Grande Hotel Budapeste", entendo o filme ter ficado de fora na categoria Melhor Montagem, pois os cortes foram decididos na pré-produção. Portanto, a equipe de edição não teve lá tanto trabalho comparando com os outros indicados. A ilusão da tomada única é a característica fundamental desse filme lúdico, nos planos-sequência interrompidos apenas entre os atos, tal qual uma peça de teatro. O entra e sai de cena dos atores, expõe ainda mais a rica metalinguagem abordada e o movimento da câmera funciona como um expectador, fuçando camarins e adentrando corredores, seguindo os condutores da história e desvendando para nós as suas verdades de bastidores. A câmera corre para não perder informações e os diálogos são jorrados na velocidade e na loucura da preparação real de um espetáculo.
Com 9 indicações ao Oscar, empatando com "O Grande Hotel Budapeste", entendo o filme ter ficado de fora na categoria Melhor Montagem, pois os cortes foram decididos na pré-produção. Portanto, a equipe de edição não teve lá tanto trabalho comparando com os outros indicados. A ilusão da tomada única é a característica fundamental desse filme lúdico, nos planos-sequência interrompidos apenas entre os atos, tal qual uma peça de teatro. O entra e sai de cena dos atores, expõe ainda mais a rica metalinguagem abordada e o movimento da câmera funciona como um expectador, fuçando camarins e adentrando corredores, seguindo os condutores da história e desvendando para nós as suas verdades de bastidores. A câmera corre para não perder informações e os diálogos são jorrados na velocidade e na loucura da preparação real de um espetáculo.
Não pense que é recalque pelos filmes rentáveis de super-heróis, pois como disse, Birdman vai além e se mostra como um retrato cínico e realista do impacto que os holofotes causam, do desespero pelo reconhecimento e de como tudo isso funciona, mesclando realidade e ilusão. Seja no palco, no Cinema ou nas redes sociais e YouTube, tudo se trata de se sentir aceito e admirado. A quantidade de aplausos e likes são o afago da sociedade atual e de todos os personagens centrais, principalmente de Riggan e de seu alter-ego, ora inimigo, ora sua maior verdade. A voz em sua mente é retrato objetivo do mundo ao seu redor, na qual se rende nos momentos mais grandiosos da narrativa, sendo o seu desfecho uma ambígua realidade fantástica conectada ao seu início.
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