Howard the Duck (1986)




Com esse grande momento do cinema de super-heróis, com o Marvel Cinematic Universe (MCU) bombando, a DC preparando seu próprio universo e a Sony ferrando a imagem de diversos personagens legais, nada mais justo do que lembrarmos uma obra significativa dentro de tudo isso: Howard o Super-Herói (Howard the Duck, 1986), o primeiro filme pras telonas de um personagem da Marvel.


Escrito por Willard Huyck e Gloria Katz, com direção do Huyck e produção executiva de George Lucas, Howart the Duck é comumente colocado nas listas de piores filmes de diversas revistas e portais por aí e, nossa, que injustiça.


É interessante, antes de mais nada, fazer um comparativo com o filme da edição passada desta coluna, o Super Mario Bros. O longa do ícone da Nintendo é realmente difícil de defender, principalmente por passar longe de um fanservice, fazendo praticamente zero referência ao produto original. Se esse é frequentemente um argumento contra um filme de adaptação então cuidado quando for falar de Howard the Duck.


A obra fílmica de Huyck respeita muito o personagem dos quadrinhos, numa época em que readaptar de qualquer forma era a tendência. Assim como nos quadrinhos, Howard do filme veio de um local onde os seres racionais do planeta são patos, cai na Terra na cidade de Cleveland, conhece a mocinha Beverly Switzler, sabe lutar o Quack Foo. Tudo isso foi retirado das próprias HQs de 1973 (primeira aparição do pato) e 1976 (sua primeira revista solo). Vale destacar que essas são características de um personagem bem marginalizado e que provavelmente passariam despercebidas na época pela maior parte do público que desconhecia Howard se fossem ignoradas. 


Mas ok, descartar a mitologia de Howard não é a crítica a qual o público tanto se apega. O “problema” é: durante todo o filme há piadas com relação ao personagem principal ser um pato, indo desde expressões a versões aviárias de produtos conhecidos (Playduck, por exemplo). Isso, mesmo sendo bobo e óbvio, diverte muito e é bastante aconchegante para quem pretende ver um filme sem grandes dramas e tramoias mirabolantes. Então você não precisa assistir pisando em ovos (viram o que eu fiz?), vá ver para relaxar porque ignorar a obra devido ao fato de ter muitas piadas é uma pena (viram o que eu continuo fazendo?).


Mas há uma pergunta que não quer calar (o bico): Se eu já falei o que o filme tem de bom e de ruim porque você continuaria lendo este texto até o final? Então, porque ainda há muita piada infame há ser feita e uma imagem de erotismo elevado que vai valer a pena (eu não tenho um leque muito grande de opções, então algumas piadas vão se repetir, o que é uma pena).


 Howard é um ex-músico que hoje leva uma vida monótona em United States of Anatidae. Uma máquina na Terra apresenta uma falha e puxa, através de todo o espaço, a poltrona na qual o pato estava sentado (isso é ciência, vocês não entenderiam). Howard cai no nosso planeta e agora tem o objetivo de sair da casca do ovo e descobrir como voltar ao seu mundo.


Assim que chega, Howard salva Beverly (Lea Thompson) de um desses malucos que vivem nos becos dos filmes americanos dos anos 80 e assim forma sua primeira amizade. A jovem é vocalista de uma banda fracassada, que toca em um bar de Cleveland.


Alguns críticos podem questionar a forma como os seres humanos se relacionam com um pato falante no filme. Exceto todas as vezes que acham que Howard é um anão em uma fantasia, as pessoas realmente levam muito numa boa o fato. Mas novamente reforço: também é assim que funciona nos quadrinhos. Qualé, estamos falando de uma ave guitarrista! A HQ nunca precisou se levar a sério. O objetivo dela era satirizar com o clima Noir, com o Pato Donald, com os próprios super-heróis, entre outras coisas.


Dito isso, o filme tinha tudo para ser bem melhor. Ele começa bem despojado, com um pato carismático, piadista, metido a cool tentando se adaptar ao nosso planeta. Mais ou menos como nas histórias em quadrinhos. 


O filme faz pensar que o vilão seria um cientista que tenta sempre convencer o pato a aparecer na imprensa e ganhar dinheiro, mas da metade em diante aparece o grande vilão e ele não é muito divertido. Com este personagem, vem uma série de cenas maçantes.


Os efeitos especiais do pato são legais, a movimentação é aceitável. Já os do vilão são bem toscos. Outro aspecto que poderia ter contribuído é o próprio estilo do filme. O Howard do cinema é cool até demais. Nos quadrinhos, ele puxava muito mais para o noir e para um clima de detetive. 


Trabalhar com tal personagem também devia ser o sonho de muito roteirista porque há muita liberdade e situações a serem extrapoladas. Huyck não conseguiu desenvolver o enredo muito bem. Para você ter uma ideia, os primeiros inimigos que o pato enfrenta nas revistas Marvel são um sapo gigante e uma vaca vampira. 


Em resumo, o enredo é fraco, tirando o pato todos os personagens são desinteressantes, algumas cenas são cansativas e o humor é bobo, mas além do humor bobo poder pender para o lado positivo, o filme também tem seus momentos divertidos, grande parte dos efeitos especiais dignos, e é ideal para desopilar durante uma migração em bando para o sul.


Por que assistir a Howard the Duck:


Personagem atual: Howard apareceu na cena pós-crédito do filme Guardiões da Galáxia. Talvez tenha sido apenas uma piada, já que a estreia do blockbuster foi um dia depois do aniversário de 28 anos do clássico de 1986, mas pode ser também que haja planos para o pato extraterrestre e seria bom conhecê-lo melhor.


Imagem de erotismo elevado que vai valer a pena: Além duma cena perturbadora em que quase que Howard afoga o ganso  com Beverly, também temos essa imagem aí embaixo de pura sedução (valeu a pena esperar, certo?)


Mas enfim...

NOTA:

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