Underwood cria o terror na quarta temporada de House of cards




*Atenção, o texto contém spoilers




O termo cria o terror soa até sensacionalista no título. No entanto, tratando-se de Frank Underwood, toda tirania política é verdade. Essa colocação que destaquei é dita por ele mesmo na última cena da quarta temporada, que, aliás, atingiu seu ápice de qualidade. Quando você começa, my friend, você não vai querer parar de assistir.

Antes, considerava a segunda temporada como a melhor. A terceira é ótima também, mas o plot de Doug foi um pouco entediante. A quarta chega no mesmo nível da segunda, com mais algumas surpresas e muito destaque pra Robin Wright. O fim da terceira foi caracterizado pela ruptura do casal Underwood, que serve de plot para os primeiros episódios do conjunto lançado dia 4 de março na Netflix. De início, vemos Claire mais fria e calculista do que nunca, trazendo algumas surpresas já esperadas (pelo menos por mim), como a sua vontade de se candidatar a um cargo político.

A não aceitação de Underwood é bem machista, mas Claire não se deixa abater. Uma primeira-dama pode, sim, disputar um cargo eleito! Ela é a personagem mais forte de toda a série, sem dúvidas. E sua frieza e rigidez são muito bem representadas pela maravilhosa Robin Wright. No entanto, a entrada de sua mãe na série, interpretada maravilhosamente por Ellen Burstyn, vai mexer com o passado da protagonista e trazer momentos em que a veremos em altos e baixos. Outra personagem adicional que fez bastante diferença nessa quarta temporada foi LeAnn, interpretada por Neve Campbell, vulgo Sidney Prescott da franquia Pânico. Ela é fundamental para a ascensão de Claire e todo o jogo planejado pela protagonista, principalmente contra Frank.

Sidney Prescott - LeAnn



Entretanto, após alguns fatos desencadeados pelo plot de Lucas, Frank reconhece sua dependência por Claire. Sem ela, ele não chega a lugar algum. Ele precisa mais dela do que ela dele. Na verdade, a parceria entre os dois é o que fez todos os planos se desenrolarem até ele chegar a presidência e tornar-se candidato. E essa ruptura mostra que os dois desunidos não traz bons resultados para ambos.

A temporada é toda de Robin Wright (não tirando o mérito de Kevin Spacey, que está ótimo like always), mas todos os arcos criados em volta da personagem mostram sua audácia para tomar decisões que cabem à presidência. Percebe-se também o destaque de Robin por trás das câmeras. Há três episódios dirigidos pela atriz. Três grandes episódios, onde acontecem fatos marcantes e cruciais para a temporada, o quarto, o nono e o décimo.

No âmbito jornalístico, essa temporada dá destaque para Tom Hammerschmidt, antigo editor do Herald, onde Zoe e Lucas trabalhavam. Após alguns acontecimentos, ele sente a necessidade de descobrir a verdade e ao final da temporada, vemos as peças se encaixando e transformando-se em plot para a próxima temporada. Além disso, em termos de geopolítica, House of cards traz questões com a Rússia e fundamentalismo religioso que influenciam na corrida presidencial norte-americana, com destaque também pro candidato republicano Conway, a nova pedra no sapato de Underwood.

Para os protagonistas, essa foi uma temporada onde embarcamos mais a fundo em suas emoções e suas fraquezas. Mas, ao final, a frieza dos Underwood é mais calculista do que nunca. Eles, literalmente, criam o terror.

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