O Sétimo Filho não é uma boa adaptação, mas é um bom filme

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O Sétimo Filho vem com o rótulo de "o novo filme da ganhadora do Oscar Julianne Moore", e quem vai ao cinema pode entrar com um pouco de preconceito, achando que vai assistir algo bizarro, digno da nossa coluna de filmes toscos. Mas O Sétimo Filho surpreende, e é uma boa pedida para quem busca puro entretenimento.

O filme é baseado numa série de livros intitulada As Aventuras do Caça-Feitiço, escrita pelo britânico Joseph Delaney, e distribuída nacionalmente pela editora Bertrand Brasil. A narrativa é focada em Thomas Ward, interpretado por Ben Barnes - o detalhe é que, no livro, o personagem possui apenas 12 anos. 

A história é ambientada na Idade Média e Tom é o sétimo filho do sétimo filho, o que significa que ele possui o dom, ou maldição, de ver além dos humanos comuns. Tom enxerga fantasmas, espíritos, tem visões do futuro. E tudo isso faz com que ele seja a escolha ideal para se tornar aprendiz do Caça-Feitiço. Ser um Caça-Feitiço significa lidar com o sobrenatural, fazer exorcismos, defender vilas de maus espíritos e aprisionar bruxas. 

A premissa é interessante, mexe com a curiosidade do espectador. Mas a adaptação poderia ser melhor. O trailer aparenta um filme obscuro, característica de destaque no livro, que é repleto de magia negra. Porém não foi esse o resultado do longa, que passa longe do gênero terror, e acha um lugar em fantasia, ao lado de outras adaptações teens como Eragon e Percy Jackson.

Comparar O Sétimo Filho com essas duas adaptações mal sucedidas não foi coincidência; assim como os outros dois filmes, este conta com uma história que encantou milhares de fãs ao redor do mundo, mas que se tornou uma péssima adaptação cinematográfica. 

Só o fato de Ben Barnes, 33, ter sido escalado para o papel de Tom Ward, 12, já muda muito na história. O livro, que tem um caráter infantil, apesar de tratar de forças das trevas, tornou-se um filme para uma audiência mais velha. A inocência, medo e inexperiência do protagonista são ignorados no filme, que apresenta Tom como um jovem homem corajoso, forte e sedutor.

Já Julianne Moore, depois da brilhante Alice, interpreta Mãe Malkin - não confunda com Mãe de Santo, Mãe Malkin é uma bruxa, rainha do seu clã. A personagem, no livro, é descrita como alguém que lembraria Meryl Streep nos primeiros atos de Caminhos da Floresta; mas O Sétimo Filho não se deu ao trabalho de mexer na aparência de Moore, pelo contrário, a sua beleza foi apenas realçada. E a Mãe Malkin de Moore inspira luxúria ao invés de magia negra.

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E Jeff Bridges, ganhador do Oscar de melhor ator por Coração Louco, faz uma atuação caricata do Caça-Feitiço John Gregory; e é visível a sua tentativa de parecer com Gandalf, o mago branco (O Senhor dos Anéis), tanto na fala e também em alterações livro-filme; no livro, Gregory sempre prefere caminhar. Mas sua primeira cena no filme o mostra num cavalo, remetendo às cenas de Gandalf cavalgando pela Terra Média. 

Deixando de lado a questão adaptação, O Sétimo Filho consegue ser um bom filme. O diretor Sergei Dobrov, conhecido pelo longa O Guerreiro Genghis Khan, trabalhou bem com o roteiro de Charles Leavitt e Steven Knight. o primeiro roteirista sendo responsável pelo premiado Diamante de Sangue. O resultado foi um filme que tem tudo para agradar os fãs de fantasia: o 3D foi bem utilizado, os efeitos especiais são de qualidade, ótimas sequências de luta, uma mitologia interessante e a história é envolvente, com toques de escuridão, romance e humor.

Deve decepcionar os fãs da saga, mas para quem tem seu primeiro contato com As Aventuras do Caça-Feitiço através do filme, o que fica é a vontade de conhecer melhor esse universo. Até o momento, a série é composta por 13 livros - apenas 8 estão disponíveis em português. Mas com o lançamento do filme, a procura pela série que o originou já é grande, e as livrarias se preparam para receber uma edição especial que contempla os dois primeiros livros da saga, que inspiraram o filme, e será lançada com a capa do filme e nome do mesmo. 

O Sétimo Filho, que estreia dia 12 de março no Brasil, não tem potencial para se tornar grande como a franquia O Senhor dos Anéis, nem render a Julianne Moore mais um Oscar; porém é entretenimento bem feito, e uma boa abertura para a temporada de filmes infanto-juvenis que serão lançados nesse primeiro semestre de 2015. 

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