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Marvel/ Divulgação |
Quando a Marvel anunciou Guardiões da Galáxia, muita gente se perguntou se o projeto daria mesmo certo. A questão é que a equipe liderada por Peter Quill nunca foi muito conhecida dos “marvetes’’, menos ainda do público geral. Uma aposta aparentemente arriscada, mas não se engane. Tudo cuidadosamente calculado pelo estúdio, que já havia se aventurado em produções anteriores como Homem de Ferro (2008), com a escolha de Robert Downey Jr para viver o bilionário playboy, filantropo... Tony Stark. Anos depois, a Marvel Studios apresenta uma primeira fase totalmente concluída e sua segunda fase em andamento, já com Thor - O mundo Sombrio e Capitão América - O Soldado Invernal lançados, chegou a vez desse filme despretensioso, cheio de humor e de ótimo bom gosto: Guardiões da Galáxia.
Como muitos sabem, o Universo Marvel é gigantesco, e vai muito além do planeta Terra. Se os planos da Marvel era colocar Thanos como o grande vilão (que fechará o arco das três fases), seria preciso expandir o Universo para os cinemas também. Expansão esta que não ficaria apenas com Thor, como um ser intergalático, mas também com os guardiões. Tendo isso em mente, eles não ficaram parados.
O filme nos apresenta cinco "guardiões": Peter Quill, interpretado por Chris Pratt (Parks And Recreation, Zero Dark Thirty), é um caçador de recompensas. Chris está muito bem em seu primeiro grande papel nas telonas, parecendo saber por onde caminhar e segura a força e a malandragem do "Senhor das Estrelas" totalmente à vontade. Seu Peter Quill rende boas risadas e deve cativar o público. Gamora, interpretada pela belíssima e agora verde, Zoe Saldana, está muito bem, sem surpresas. A atriz já tem experiência com mundos originados em computação gráfica (Avatar) e sabe muito bem utilizar os recursos do Chroma Key para interagir com personagens que só irão existir no vídeo. Força, frieza e alma de guerreira são as características da interpretação de Zoe para Gamora. Drax é vivido pelo ator Dave Bautista. Um brutamontes com pouca inteligência, e uma vingança em mente, com ótimo texto. Suas entradas são quase todas para quebrar alguma coisa ou para fazer o espectador rir de algo que ele provavelmente não entendeu.
Mesmo o Chris Pratt sendo o bonitão da história, quem rouba a cena definitivamente é a dupla de alienígenas Rocket Raccoon e Groot, dublados respectivamente por Bradley Cooper e Vin Diesel. Os atores emprestaram suas vozes para o guaxinim antropomórfico inteligente e para a árvore humanoide, criados totalmente em computação gráfica (CGI). A dupla funciona como Cérebro (Cooper) e Coração (Diesel). Groot tem apenas uma frase no filme: "I'm Groot!" e solta grunhidos, respirações e uma variação dessa mesma frase. Apesar desse pouco vocabulário, Rocket consegue interpretar tudo que Groot está querendo dizer e sempre exerce a função de ''tradutor'' da árvore para os outros personagens. Falando nele, Rocket é definitivamente o melhor personagem do filme. Suas falas são cheias de ótimas tiradas, entradas e finalizações. Destaque para a interpretação de Bradley Cooper, que nunca tinha trabalhado com dublagem antes, e do irmão do diretor James Gunn (Seres Rastejantes), que "interpretou" Rocket nas locações. A atenção voltada as características da personalidade de Rocket foi tratada com muito primor, o que trouxe ao público uma humanização e complexidade onde menos se esperava.
O filme é visivelmente focado nos personagens que formam o grupo dos "Guardiões". Alguns vilões apresentados, como Ronan (Lee Pace) e Nebula (Karen Gillan), são chatos e não fazem jus ao time de vilões já conhecidos nos filmes da Marvel (isso não se aplica ao Mandarim, claro), justamente por não terem muito desenvolvimento na trama. O único vilão que vale a pena é o personagem do ator Michael Rooker, Yondu. O ator tem um sotaque característico, bem interiorano, e encaixou perfeitamente no personagem, com um tom de humor interessante. Tivemos também atores mal aproveitados na trama, como a incrível Glenn Close (Nova Prime), que interpreta a líder da Tropa Nova e Benício del Toro, que interpreta "O Colecionador". Provavelmente, na já anunciada sequência de Guardiões da Galáxia, seus personagens serão menos esquecidos e terão mais falas no longa.
A direção de Gunn é realmente competente. Como Joss Whedon, em Os Vingadores, Gunn sabe exatamente como agradar tanto os fãs dos quadrinhos, como também o público que nunca ouviu falar dos Guardiões da Galáxia, muito menos de toda a sua mitologia. Sua direção já foi confirmada para o segundo filme, o que é essencial para um bom desenvolvimento da história, durante os próximos anos que o filme deve tomar as telonas mundo a fora.
A trilha sonora setentista é um espetáculo à parte. The Runaways, Marvin
Gaye e Tammu Terrell, Jackson 5, Bowie, entre outros, fazem do filme um túnel do tempo que gostaríamos de entrar pra nunca mais sair. Essa mixtape, que Peter Quill carrega para todo lado, é parte fundamental dentro da
narrativa e traz aquele ar nostálgico de produções de ficção científica de décadas passadas. Assim como a trama e os confrontos espaciais épicos muito lembram as sagas Star Wars e Star Trek. As referências são incessantes, mas agora vamos falar de dança. Kevin Bacon é incansavelmente citado por sua interpretação em Footloose, sendo ídolo e inspiração maior de Peter Quill (o que faz muito sentido, visto que o personagem é abduzido ainda criança, sendo Footloose um sucesso da sua geração anos 80), o que rende mais dezenas de piadas e dancinhas.
Pode esperar por muita aventura, humor exaustivo, confrontos empolgantes e muito dinamismo visual e coreográfico. Guardiões da Galáxia é uma ótima surpresa da Marvel Studios para o segundo semestre, e deve agradar ao público, assim como nos agradou. Prepare-se, pois o universo galáctico da Marvel apenas começou.
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