Se tem um produtor que está com tudo na esfera cinematográfica e televisiva é J. J. Abrams. Falar sobre ele, também é falar sobre mistério. Desde Lost, Abrams traz em suas obras boas doses de suspense. E seu mais recente trabalho que ganha lançamento nesta quinta (7), nos cinemas brasileiros, é puro mistério. Estamos falando de Rua Cloverfield, 10, filme que traz segredos não apenas em seu enredo, mas em toda a execução do projeto.
Por anos, a Paramount manteve Rua Cloverfield, 10 em segredo. Abrams não dirige, mas o produziu e deixou sua marca no projeto que traz no elenco Mary Elizabeth Winstead, John Goodman e John Gallagher Jr. Pelo nome, associamos este novo longa a uma sequência de Cloverfield (2008). Mas não é bem assim que funciona. Rua Cloverfield, 10 é uma espécie de “primo” do primeiro longa. É como se fosse uma trama paralela ao que foi mostrado no filme de 2008.
Na história, conhecemos logo de cara Michelle (Mary Elizabeth Winstead), que toma uma decisão em relação ao seu relacionamento amoroso, em cenas de cortes sucessivos que dão ritmo ao início do longa ao lado de uma trilha sonora eletrizante. No entanto, enquanto a personagem dirige por uma estrada, algo inesperado acontece. Uma batida e seu carro capota. Ao acordar, Michelle se vê acorrentada e tomando soro em uma espécie de porão. O mistério começa, então, a ganhar contornos e, assim como a personagem, os espectadores também ficam repletos de dúvidas que perdurarão por todo o filme.
Eis que surge Howard (John Goodman), um personagem dúbio que transmite medo em seu olhar e nas suas atitudes. Segundo ele, Michelle foi salva de uma espécie de apocalipse que ocorria fora de sua casa, mas será um salvamento ou sequestro? Em paralelo a isso, Emmett (John Gallagher Jr.) consegue entrar na casa de Howard. Para ele, aquele ambiente era um lugar seguro para se proteger do que ocorria do lado de fora.
O filme centra-se nesses três personagens e se passa, em sua maior parte, em uma única locação, a casa de Howard. Durante a maior parte do filme, Rua Cloverfield me fez lembrar de O Quarto de Jack, que conta a história de uma mulher que passou sete anos sequestrada e vivendo em um pequeno quarto com seu filho. Ambos os filmes são as melhores estreias, até o momento, de 2016. Filmes repletos de suspense e protagonizado por duas mulheres fortes.
A direção de Rua Cloverfield, 10 ficou a cargo do estreante Dan Trachtenberg, que nos mostrou competência logo em seu primeiro trabalho. O roteiro aposta numa construção lenta. Ao contrário da tradicional fórmula dos filmes de horror, não temos uma trilha sonora barulhenta ou os famosos sustos de 5 em 5 minutos. É aí que está o trunfo do filme: dessa maneira o espectador tem tempo pra formular diversas teorias em momentos mais calmos da projeção, e também prepara o terreno para o grande clímax da produção.
Cenografia e direção de arte ligam a obra aos outros filmes do universo de J.J Abrams, como Super 8 e o Cloverfield original. Os detalhes nos dão indícios de que todos os filmes pertencem ao mesmo universo, mas se tratando de J.J Abrams, tudo é um mistério.
Segundo o site IMDB, um terceiro filme da franquia Cloverfield interligaria a obra original com este segundo, e a gente espera que isso realmente aconteça. Também esperamos que o nível altíssimo das produções permaneça intacto, já que a moda em Hollywood é capitalizar em cima de franquias de qualidade questionável.
Nota - 9,0
Assista ao trailer:
Que filme, me surpreendeu!!!
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