[Review] Miss Violence



Brutal. Indigesto. Chocante. Alguns autores dizem para não exagerarmos nos adjetivos na hora de fazer uma crítica cultural. Nesse caso, reforço o uso de alguns, que foram utilizados por internautas na hora de falar sobre o filme grego Miss Violence. Dirigido por Alexandro Avanas, o filme é uma verdadeira surpresa do cinema grego e trata de um drama familiar tão pesado, que nem as crônicas de Nelson Rodrigues chegam a esse ponto.

A trama mostra uma família aparentemente feliz, comemorando o aniversário de 11 anos de Aggeliki (Chloe Bolota). A cena funciona como uma introdução aos personagens e já conseguimos perceber que há algo implícito ali, com enquadramentos que não mostram os rostos de alguns membros da família. Logo nos primeiros minutos, Aggeliki sorri para a câmera e pula de sua varanda. A garota comete suicídio e a família continua sua vida, com um certo ar de conformismo.

Parece que nada havia acontecido naquele lugar. Enquanto isso, Eleni, irmã de Aggeliki, fica grávida de seu terceiro filho. Talvez Eleni seja o maior símbolo de conformismo e medo no filme, carregando sempre consigo um sorriso apático. Os tons claros da direção de arte, em algumas cenas, se contrapõem a carga dramática do filme. No entanto, parece auxiliar no jogo de aparências da família, deixando o ambiente mais leve (só nas cores mesmo). 


Ao longo da história, as peças vão se encaixando de forma indigesta (de novo essa palavra), que se torna um verdadeiro horror. O filme é todo regado de suspense, do início ao fim, desde ao enquadramento da câmera às expressões dos personagens. A trilha sonora é o silêncio. Algo bem diferente do que estamos acostumados a ver em filmes: trilhas sonoras poderosíssimas que dão uma carga emocional maior ao suspense, como por exemplo, em Garota Exemplar. No caso de Miss Violence, o silêncio enfatiza a carga dramática daquela família. 

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