No último dia 14, 223 estudantes foram
sequestradas de um colégio interno localizado no norte da Nigéria pelo
grupo radical islâmico Boko Haram (expressão que significa "a educação não
islâmica é pecado"), que diz ser contra a educação ocidental das mulheres
no país. "Eu sequestrei as suas filhas e vou vendê-las no mercado, em nome
de Deus", palavras difundidas em um vídeo pelo líder Abubakar Shekau. Os pais das jovens e várias organizações deram início a uma ampla campanha, exigindo um maior envolvimento
do governo nigeriano na busca e no resgate das garotas, mas também tratando de
mobilizar países como os Estados Unidos, França, Reino Unido e China para apoiar à causa.
A onda de protestos em Nova York, Los
Angeles, Londres e a chuva de críticas aos responsáveis e ao governo nigeriano (por seu aparente desinteresse no caso) que acontece nas redes sociais também afetaram celebridades como a atriz Anne Hathaway, que ao lado do marido, Adam Schulman, se uniu a um grupo
de manifestantes que protestavam contra o sequestro das garotas na última quinta, dia 8. A
atriz usou um megafone e segurou durante o protesto cartazes com as mensagens "Devolva
as nossas meninas" e "Ajude a Nigéria" nas ruas de Los Angeles,
EUA.
A primeira-dama dos EUA, Michelle Obama se manifestou com depoimentos
e também nas suas redes sociais.
Madonna, Alicia Keys, Cara
Delevingne, Ellen Degeneres, Leona Lewis, Amy Poehler, Emma Watson e diversos outros artistas estão apoiando com a #BringBackOurGirls (tragam de volta as nossas meninas). A tag já foi utilizada mais de 1,7 milhões de vezes no Twitter.
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Amy Poehler |
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Emma Watson Foto: Reprodução/Instagram @bringbackourgirls |
Inicialmente o número de sequestradas era de 276, mas 53 delas conseguiram escapar e contaram que os terroristas as transportaram em caminhões até uma zona próxima a Camarões, onde as obrigaram a cozinhar para eles. Segundo depoimentos compilados pela France Press, algumas já estariam sendo vendidas por 12 dólares em regiões das fronteiras com o Chade e Camarões. A atriz Angelina Jolie desabafou sobre o caso: "Estes homens pensam que podem abusar destas meninas desta forma, vendê-las, estuprá-las, considerá-las como se fossem sua propriedade, porque muitos fizeram o mesmo no passado sem serem punidos", disse a estrela de “Malévola” ao canal de televisão britânico Sky News. Ela estava em Londres para o lançamento da nova produção da Disney desde o dia 6.
A atriz é embaixadora da boa
vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e deve
presidir ao lado do secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague,
a "Cúpula Mundial para o fim das violências sexuais em conflitos" em
Londres, de 10 a 13 de junho. "Uma das coisas pelas quais
nós trabalhamos incessantemente é não só fazer tudo o que for possível para
levar essas meninas de volta para suas casas, mas fazer com que crimes como
este não se reproduzam", declarou. A reunião, apresentada pelo
Foreign Office como a mais importante já organizada sobre o tema, reunirá
representantes de governos, ONGs, especialistas militares e jurídicos, assim
como membros da sociedade civil.
MAIS DETALHES DO CASO: Desde que a
polícia matou em 2009 o líder do Boko Haram, Mohammed Yousef, os radicais
mantêm uma barbárie que já contabilizou mais de 4 mil mortos em ataques e atentados,
sendo considerados atualmente o grupo mais sanguinário que opera na África. O
Boko Haram busca a aplicação da “sharia” (lei islâmica) em todo o país e o
abandono da educação ocidental. A Nigéria é um país de maioria muçulmana no
norte e predominantemente cristã no sul.
Os membros de Chibok, cidade onde surgiu o grupo extremista, é composta em sua maioria por agricultores, que
decidiram ignorar as ameaças dos terroristas e escolarizar suas filhas no único
instituto de ensino público existente no local. A polícia da Nigéria ofereceu
uma recompensa de 50 milhões de nairas (cerca de US$ 300 mil, ou R$ 669 mil)
para quem souber informações verídicas sobre o paradeiro das meninas. Com 170
milhões de habitantes integrados em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria sofre
múltiplas tensões por suas profundas diferenças políticas, religiosas e territoriais.
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