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A brincadeira psicológica já começa com a foto de divulgação |
Hannibal é, de fato, o melhor thriller de 2014 graças a sua excelente segunda temporada. O segundo ano da série terminou na última semana, mas o episódio Mizumono (2x13) está rendendo até agora por causa das reviravoltas e o quase "the end". Vou logo adiantando que, se o episódio fosse uma escola de samba do Rio de Janeiro, ele teria NOTA 10 em todos os quesitos.
Mas antes de começar os elogios, vou divagar esclarecendo as "origens" da série para a explicar a surpresa que tive com o final da temporada. Ela é baseada no livro Dragão Vermelho, de Thomas Harris, que fez nascer o canibal mais famoso das telonas- e agora das telinhas-. A história mostra a relação de Hannibal com Will Graham, um professor do FBI com um "dom" especial para interpretar crimes.
Até aí tudo bem. A série segue esse mesmo enredo do livro.[ALERTA SPOILER DO ÚLTIMO EPISÓDIO. SE VOCÊ NÃO ASSISTIU, PULE PARA O PRÓXIMO PARÁGRAFO] Mas, de repente, chegamos à última cena da segunda temporada que quase me fez acreditar num "the end" para a série. Isso porque, no final, Hannibal está aparentemente fugindo com sua psiquiatra (a loira divíssima que faz todo mundo se arrepiar com sua voz). E por que indago sobre isso? É que essa "fuga" de Hannibal só acontece no livro e no filme homônimos lançados anos depois. Entre essas duas obras, existe ainda muita história a ser contada. A sensação foi a de que a série avançou para o futuro em um simples corte pós-créditos e dá medo quando penso nos rumos que a história pode tomar. Mas, paradoxalmente, fico tranquila ao lembrar que o roteiro é feito por Bryan Fuller. E que continue assim.
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Feito a ressalva que, aliás, deveria ser o parágrafo final do texto, vamos ao que interessa. Hannibal teve um avanço de 100% do ano passado pra cá. A porcentagem está errada na teoria, mas na prática é isso mesmo. Em um site de críticos de televisão, na primeira temporada, o pico de avaliação chegou a 68%. Já a segunda foi a 100% logo nos primeiros dois episódios.
A diferença entre uma temporada e outra não é gritante, mas é perceptível. Primeiro, a qualidade técnica impecável: trilha sonora, fotografia, iluminação e, principalmente, a atuação. Outro ponto é o enredo, que prende o espectador com mais suspense e dinamismo, sem contar nos crimes. Um mais insano que o outro. A primeira temporada é boa, mas parecia que o tempo se arrastava a cada episódio. Na segunda, quando você menos percebe, já se passaram os 45 minutos.
Em resumo, o que pode-se ver nesta segunda temporada é uma relação patológica de amizade/amor e descrença. Foi um verdadeiro jogo de sombras psicológico e técnico, com a fotografia. Em todos os episódios, Will (Hugh Dancy) tem seu rostro simetricamente dividido, com uma parte mais clara e outra menos iluminada. O recurso do típico Cinema Clássico é um fator marcante em toda temporada e também aparece em outros personagens como Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen). É uma forma de mostrar que cada um esconde algo. Um plano. Uma carta na manga. Mas o melhor mesmo é a inexpressividade que Mikkelsen passa com Hannibal. É uma forma de dar uma nova identidade a Hannibal e, assim, evitar esteriótipos e comparações com Anthony Hopkins, ator que fez a primeira versão do canibal de forma icônica.
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Sempre a mesma expressão |
É inacreditável o investimento feito pela NBC em Hannibal. A emissora aberta é conhecida por cancelar suas produções logo nas primeiras temporadas. Mas esse ano a surpresa foi boa. Parece que eles estão investindo mesmo em adaptações de livros/filmes (vem por aí também Constantine). Apesar de não ter uma audiência como a de The Blacklist (também da NBC), Hannibal é sucesso de crítica e foi renovada para a terceira temporada. E espero, sinceramente, que a série mantenha o ritmo da segunda temporada. Agora, resta-nos especular qual vai ser o próximo trunfo de Bryan Fuller.
Enquanto a terceira temporada não chega, deliciem-se com a segunda temporada. Vejam. Revejam. Indiquem.
Bon Appetit |
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