Muito se questionou sobre a mais nova produção da Marvel Studios. O Homem-Formiga nunca foi tão popular para o público quanto Hulk, Homem de Ferro, Homem-Aranha e os X-Men, por exemplo. A ironia é que o herói que tem o poder de diminuir de tamanho (mas ainda manter sua força) e controlar as formigas com a mente é um dos mais antigos das HQs, além de ser um dos fundadores dos Vingadores, ao lado da parceira Janet Van Dyne, a Vespa (solenemente ignorados e substituídos no cinema pela viúva negra e o arqueiro) e também criador do robô Ultron.
Eu não sou nerd, então como leiga do Universo Marvel, me pergunto: Por que o Homem-Formiga carregou esse flop por tanto tempo? Nunca conseguiu ser do primeiro escalão de heróis da Marvel e sua identidade heroica mudou três vezes ao longo dos anos. Originalmente como o cientista Hank Pym, gênio que descobriu um grupo de partículas subatômicas que podiam encolher ou ampliar um objeto com a aplicação de energia magnética, as chamadas partículas Pym (dãã). Posteriormente como Scott Lang, um engenheiro elétrico que rouba a tecnologia de Hank Pym e por último, Eric O'Grady, um ex-agente da S.H.I.E.L.D. bem sacana, até onde sei. Sem falar que Hank Pym já teve codinomes como Gigante, Golias e Jaqueta Amarela.
Enfim né, HQs a parte, é claro que no cinema, essa longa trajetória precisava ser organizada. Tarefa difícil para os roteiristas neste último filme da chamada “Fase 2” do Universo Cinematográfico da Marvel, mas costurada de maneira eficiente, apesar dos clichês de praxe e da narrativa exageradamente didática, com falas recheadas de explicações. No final dos anos 80, uma discussão acalorada causa a saída de Hank Pym (Michael Douglas) da S.H.I.E.L.D., por querer esconder de todos a sua invenção, temendo o estrago que as partículas Pym poderiam causar se caíssem em mãos erradas. Adivinha? Anos depois, seu ex-pupilo e CEO de sua empresa, Darren Cross (Corey Stoll, o Peter Russo de House of Cards - inclusive, saudades <3) obcecado pela lendária tecnologia, consegue criar sua própria “partícula Pym”, a “Jaqueta Amarela”, decidindo vendê-la para exércitos como arma de guerra. Decisão esta que não pode ser impedida por Pym, já que ele perdeu o poder que tinha dentro da empresa por fatores que incluem uma relação conflituosa com a filha Hope (Evangeline Lilly, da série Lost).

Apesar do lance de “salvar o mundo”, o longa é focado nas relações familiares e nos dramas pessoais dos personagens, com altas doses de comédia em toda a trama. Tanto Paul Rudd cumpre bem a veia cômica do papel sem cair no patético (fazendo uma mescla interessante com o drama vivido pelo personagem), quanto Michael Peña com seu personagem, Luis, um assaltante que protagoniza momentos hilários, cheio de relatos intermináveis das conversas que escuta de amigos picaretas.
Além dos efeitos especiais excelentes, com as transições de tamanhos acontecendo o tempo todo nas cenas de ação e formigas pra lá de fofinhas (novamente reforçando que nada no filme cai no patético), já era de se esperar as tradicionais referências aos outros filmes do estúdio, com direito a participações especiais. Os vingadores são citados várias vezes e novamente a Marvel aposta na interação entre as franquias, ponto forte de suas produções. As direções, ora inicialmente de Edgar Wright (Scott Pilgrim Contra o Mundo) e depois sob o comando de Peyton Reed (Sim, Senhor!) acabaram ornando em um filme que não tem uma trilha marcante e nem o carisma de Guardiões da Galáxia, nem uma história de impacto e tensão como a de Capitão América 2, mas que cumpre a missão de ser um mais do mesmo bem feitinho, sem erros graves. A Marvel novamente garante um blockbuster de sucesso, porém, tirando o bom final e as duas cenas pós-créditos, nada surpreende além de um Michael Douglas levemente canastrão.
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