Woody Allen retorna aos encantos franceses em Magia ao Luar

Divulgação/Sony Pictures Classics

Para Woody Allen, não existe cenário mais perfeito para a magia acontecer que a França. Se em Meia-noite em Paris, a cidade luz era o centro do encanto nostálgico de Gil (Owen Wilson), que provocava a sua viagem ao tempo direto para a efervescência cultural da década de 20, em Magia ao Luar, é na solar Riviera francesa que a discussão sobre ceticismo e espiritualidade acontecem em volta do que é racional ou simplesmente mágico.

O renomado ilusionista Wei Ling Soo, que quando tira a maquiagem se torna o cético Stanley Crawford (Colin Firth), é convocado pelo seu amigo Howard (Simon McBurney), também mágico, para desmascarar uma jovem e bela médium norte-americana, Sophie (Emma Stone). A moça conquistou uma velha viúva rica (Jacki Weaver e sua voz inconfundível) e seu filho Brice (Hamish Linklater e seu tom patético de sempre) com seus aparentes poderes paranormais.

Divulgação/Sony Pictures Classics

Movido por sua vaidade de ser mestre em descobrir truques, Stanley desiste de passar as férias com sua noiva Olivia (Catherine McCormack) e viaja até o sul da França para cumprir a tarefa, aproveitando para visitar sua adorável tia Vanessa (Eileen Atkins). Essa relação rende grandes momentos no filme, com o fino e afiado humor (e também mau-humor) inglês tão característico e diálogos existenciais entre os dois lados.



O diretor de fotografia Darius Khondji faz aqui um trabalho tão belo quanto em Meia-noite em Paris. Toda a luminosidade e o ar vintage para as praias e estradinhas do local paradisíaco, retratado no fim dos anos 20, são ideais para nascer o romance entre Stanley e Sophie, um amor totalmente absurdo na visão do protagonista. Ele é incansável em querer provar que ela é uma charlatã, por sua fidelidade a lógica, mas acaba por acreditar na moça e a questionar seus próprios conceitos racionalistas sobre o universo e a morte.

Emma Stone em cena de Magia ao Luar. Divulgação

Sophie muito lembra outras musas idealizadas das obras do diretor. Ela é para Stanley o que Melodie foi para Boris em Tudo Pode dar certo (Whatever Works), filme de 2009.  Um relacionamento aparentemente improvável de alguém que admira a inteligência do homem que ama e que segue os seus passos e conselhos, chegando na proporção e esperteza de provocar nos “tais gênios” (que as achavam tolas), o confronto com os próprios pensamentos.




Niilista de carteirinha, Stanley é o alter-ego da vez de Allen e não enxerga felicidade na verdade do mundo em que vivemos. Talvez por isso mesmo ele prefira trabalhar com ilusões, mas não suporta a ideia de conviver com elas. Seu momento de epifania se dá em perceber que talvez exista magia e esperança nos grandes olhos e no sorriso tolo de Sophie e nos sentimentos que despertamos uns nos outros. 

Doce e com referências memoráveis às obras anteriores de Allen e à Minha Bela Dama (1964), Magia ao Luar traz o carisma protagonizado por Stone e Firth, o bom e velho Jazz e toda a familiaridade da filmografia do diretor, com ares mais otimistas.   

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