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Reprodução/Divulgação |
Aguardado com expectativa, o épico espacial de Christopher Nolan (confira nossa review sobre o filme), baseado nos estudos do astrofísico Kip Thorne, fez a alegria de muitos fãs do diretor, mas decepcionou uma parte da crítica, que esperava alguma espécie de “superação” aos cultuados do gênero sci-fi, como 2001 – Uma Odisseia no Espaço (Kubrick, 1968).
A ansiedade para conferir Interestelar foi gerada por uma produção e divulgação
longe dos holofotes, deixando todo mundo curioso para saber como seria o novo
filme do diretor da trilogia Batman, que ainda contava com um elenco de hypados
como Matthew McConaughey e Anne Hathaway (ambos vencedores de Oscars), Jessica
Chastain, Michael Caine (figurinha carimbada na filmografia de Nolan) e
participações como as de John Lithgow e Matt Damon.
Tudo isso em um cenário espacial, mesclado com teorias
físicas, filosóficas e as relações de espaço-tempo sempre frequentes na
filmografia do diretor, como em Amnésia (2000) e A Origem (2010). Por isso,
acaba sendo difícil pensar em Interestelar sem lembrar de tudo o que
Christopher Nolan já fez. Até entendo o didatismo do filme (visto que aborda
temas como física quântica), mas por vezes, os personagens dos filmes de Nolan literalmente desenham para que o público entenda o que se passa na história, transmitindo
para o espectador uma atmosfera que aparenta duvidar da sua
capacidade de interpretação.
No planeta Terra de Interestelar, estamos em um futuro
incerto e desastroso, com tempestades de poeira, em uma natureza precária que nos
fez voltar ao início de tudo, prevalecendo a agricultura. Ninguém quer saber de
tecnologia enquanto pessoas morrem de fome e por essas razões, o ex-piloto da NASA, Cooper, (McConaughey, mais uma vez confirmando que sua
excelente fase veio para ficar), se tornou fazendeiro, focado em cuidar da família. Acidentalmente ele encontra uma base subterrânea e
clandestina da NASA e acaba sendo convocado para a missão de encontrar um novo
planeta que os humanos possam habitar. Aparentemente,
uma sociedade desconhecida, capaz de viver em realidades pentadimensionais, auxilia
os principais personagens ao longo de toda a obra.
O sutil bom humor do filme fica por conta dos robôs TARS e CASE, de inteligência acima da média. Mas o ápice da obra mesmo é a teoria da
relatividade e da singularidade gravitacional. Nos planetas visitados e nos
buracos espaciais se passam horas, que na Terra equivalem aos anos, e provoca a
linda experiência visual dos personagens que crescem e envelhecem, como Murph
(Mackenzie Foy/Jessica Chastain/Ellen Burstyn), por exemplo, em comparação com os
personagens que continuam com a mesma aparência, embora teoricamente tenham uma
idade mais avançada do quê os que estão na Terra, como o piloto Cooper (Matthew
McConaughey) e a Dra. Brand (Anne Hathaway).
Em Interestelar, tem sempre alguém dividido entre fazer a coisa certa
(para a humanidade), ou fazer o que acha importante para si e para aqueles que
amam. Motivos pessoais X salvar o mundo: Um dos maiores clichês do cinema
hollywoodiano. Mas temos também a natureza humana, suas razões egoístas, contraditórias e a
ideia de sobrevivência, nem que seja através da espécie. O amor é a principal pauta, seja na intuição e na lembrança, seja como uma arma contra a
solidão e estímulo para relações sociais. O amor é teorizado na fala do Dr.
Mann (Matt Damon) e praticado pela grande maioria dos personagens.
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Christopher Nolan no set de Interestelar. Foto: Galeria/Warner Bros Br |
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