O poema de Lord Byron introduz Na Natureza Selvagem (Into The Wild, 2007), como o prefácio de um livro, anunciando a essência da narrativa dirigida e roteirizada pelo ator Sean Penn. O filme é uma adaptação do livro homônimo do jornalista Jon Krakauer, baseado em fatos reais da vida de Christopher McCandless - Um notável aluno da Universidade Emory que após se formar, decide fugir e cair na estrada, viajando pelos mais remotos lugares dos EUA, em uma busca incessante pelo significado de viver. Em sintonia com o diretor de fotografia Eric Gautier (Diários de Motocicleta, 2004), somos contemplados com enquadramentos de desertos, rios, praias, neve e de Emile Hirsch (Show de Vizinha, Speed Racer), que interpreta o protagonista e maior natureza selvagem da história.
Em dois anos longe da sociedade de consumo, McCandless renasce e se nomeia Alexander “Supertramp”, sendo sua jornada dividida em capítulos da vida – nascimento, adolescência, idade adulta, família e tornando-se sábio; conseguindo obter respostas que nunca teve nos seus 21 anos cercados de segurança.
É também o conceito de lar que impulsiona a fuga de Chris, quando se vê esgotado pelas brigas e mentiras dos pais, tomando aversão pela hipocrisia existente em sua família.
Chris/Alex doa tudo o que tem no banco para a caridade, queima o dinheiro que tem no bolso e segue viagem pegando caronas ao acaso. No decorrer dos meses, se relaciona com um casal de hippies, trabalha para Wayne (Vince Vaughn), conhece uma jovem cantora vivida por Kristen Stewart e no melhor capítulo do filme, torna-se sábio ao lado de um solitário veterano de guerra, em uma interpretação impecável de Hal Holbrook.
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Eu <3 maçã |
"Se confrontar para estar ao menos uma vez na mais antiga condição humana".
É em Thoreau, com sua “desobediência civil” e principalmente com “A Vida nos Bosques”, livro que o escritor conta sua vivência na floresta, que Alex tem sua maior inspiração.
Do outro lado, sentimos o sofrimento da família de Chris, que não tem notícias do filho desde então. O conceito de família é muito presente na narrativa, não só pelos pais de Chris (William Hurt e Marcia Gay Harden) e sua irmã (Jena Malone), mas principalmente na hippie Jan e no veterano de guerra Ron.
Jan (Catherine Keener) se posiciona como figura materna de Alex porque também tem um filho andarilho do qual não tem notícias há dois anos. Ron perdeu mulher e filho e redescobre o sentimento paterno em Alex. O jovem extremista tem suas opiniões contestadas por eles e por todos com quem cruza, refletindo, mas também provocando reflexão. É cruel e também admirável que a determinação de Chris/Alex tenha ultrapassado suas relações afetivas.

Então temos esse jovem, que ironicamente encontrou refúgio em um ônibus perdido na vida selvagem do Alasca e ali, finalmente encontra o que busca e tem seu momento de epifania.
"Felicidade só é real quando compartilhada".
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